sábado, 19 de novembro de 2016

A bicicleta e eu

Há um tempo queria começar uma série de postagens sobre as minhas esquisitices. De como eu tenho me tornado parecida com a minha mãe em certos aspectos (e exatamente aqueles que eu criticava na adolescência), dos paradoxos que encaro ao desejar viver fora do sistema, estando ao mesmo tempo profundamente enraizada e algumas questões existenciais que às vezes parecem surreais. Mas me falta coragem fazer do blog um relato tão pessoal e, ademais, pensava que a coisa podia tomar cara de imperativo, de juízo de valor. Mas aí, outro dia estava andando de bicicleta, uma das minhas recém adquiridas "esquisitices" e fui tomada por um bem-estar que já não podia deixar de pensar em escrever.

Para esclarecer, não considero 'esquisito' um sujeito que anda de bicicleta.

Moro em uma cidade que oferece 21 quilômetros de ciclovia. Não vou dizer que seja um mar de rosas, porque os trechos se desconectam às vezes. Mas ainda assim, são 21 quilômetros. E na área onde moro, os trechos são longos e conectam uns bairros aos outros.
Há um tempo, o serviço de reboque e pátio dos carros apreendidos pela polícia foi terceirizado e parece que desde então a fiscalização está cada vez mais rigorosa. Tem blitz em cada esquina. Depois veio a lei do farol acesso, o aumento da gasolina e agora das multas em geral. Conclusão: resolvi valer da bicicleta como meio de transporte, não mais só para lazer. E a minha, que já deve ter uns 6 anos, fica no tempo, enferrujando e eu assumi que é assim mesmo que eu quero. Bicicleta velha ninguém rouba. E aí vem a esquisitice: é que eu tenho um certo orgulho de chegar com ela velha assim nos lugares, sabe? Tinha marcha, que eu não gostava, mandei arrancar. O freio arrebentou, fiquei só com um. Descobri como a manutenção é barata e o melhor de tudo é que, quase sem planejar, acabei fazendo economia no fim do mês. A faculdade fica tão pertinho que quase leva o mesmo tempo pra ir de carro ou de bike (é que bicicleta não tem contra-mão e nem estacionamento lotado).
Tem o lado bom de mexer as pernas, perceber a cidade mais bucólica e tranquila no começo do dia ou no fim da tarde e o melhor de tudo é quando passo pela blitz. Não preciso conferir se levei a bolsa, a carteira, se botei o cinto ou acendi as luzes... É só pedalar.
Bicicleta velha ninguém rouba

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