segunda-feira, 28 de maio de 2012

Bali não é Búzios

Esse é o primeiro esclarecimento que dou sobre essa ilha remota. Os mais viajados me desculpem a ignorância, mas essa era a idéia que eu tinha. Uma cidadezinha romântica, onde se andava a pé do hotel pro restaurante, do restaurante pras lojinhas coloridas e cheirosas e assim por diante. Um cenário paradisíaco e ensolarado, onde eu poderia alugar uma bicicleta para pedalar por estradinhas de terra nos costões litorâneos, admirando o mar e o tão famoso pôr-do-sol em Uluwatu.
Bem... Não é exatamente assim.
Quem vai pra Indonésia deve ter a cabeça e o coração abertos para as surpresas que podemos encontrar nesta terra de contrastes. A menos que você tenha um pacote fechado num resort de luxo, com piscina, praia particular e um jargão mais que batido "Amo muito tudo isso" pra colocar no facebook. Mas se você decidir encarar a realidade, então estará sujeito a esta deliciosa relação de amor e ódio.
Eu que não sabia nada desta terra, desci de havaianas (falsificadas), comendo bolo de frutas num aeroporto que mais parecia uma rodoviária de cidade do interior. As pessoas chegam de chinelos gastos ou descalças, carregando galinha, prancha de surf e outras coisas do gênero. Pagamos 25 dólares para obter o visto, que é o mais lindo que já tive estampado no meu passaporte.
Não sabia que o povo parecia Havaiano (e que essa relação está mais perto que imaginamos), que o trânsito, mais que caótico, é suicida, e que as estradas são asfaltadas e mal conservadas. Não sabia nada do que era uma religião hindu, que eles oferecem arroz, flores e até cigarro, para que os Deuses os protejam e tragam prosperidade. Não sabia também nada da língua deles, nem mesmo dizer obrigada. E não imaginava que seria saudada com um "Bom dia, gatinha" seguido de "Bom pra caralho" no mais perfeito portugês. E sabiam mais gírias cariocas do que eu mesma supunha conhecer. Para o resto do entrosamento, a semelhança do calor dos trópicos e um inglês capenga se encarregaram de resolver.
E de repente, ao som suave da flauta, depois de alguns pores-do-sol estonteantes e muitos macacos no caminho, pode acontecer de você encontrar-se enfeitiçado pela cultura e costumes balineses. E foi o que aconteceu comigo. Ao fim de uma semana, estava habituada a encontrar as mesmas vendedoras na praia, que me chamavam pelo nome e traziam suas crianças para eu conhecer. E já me era familiar o cheiro doce das oferendas encontradas pelas ruas, tomar banho no mar de água quente, comer panqueca de banana no café da manhã, milho assado e churrasco de peixe à noite.
Como a cidade é muito grande e o trânsito "ligeiramente" infernal, evitávamos os trajetos longínquos. Mantivemo-nos ao Sul de Bali, conhecendo algumas praias como Green Ball, Padang-Padang, Nusa Dua e a badalada região central de Kuta.
Ao partir, eu dei uma olhada pela janela do avião, para ver mais uma vez o mar cristalino – a água tão clara que dava pra ver os corais no fundo em pleno alto mar. E senti saudade até do que não conheci. A cidade vale ser explorada em muitos outros aspectos – os campos de arroz no interior, a arte local em Ubud, os vulcões no lado leste da ilha, etc. E talvez um dia eu volte, para conhecer tudo isso. Ou talvez não... A Indonésia é tão grande – e o mundo também. Acho que sempre haverá um novo destino esperando para me surpreender em algum canto remoto do nosso planeta.


Hospedagens:
É fácil encontrar hospedagens pela cidade, a partir de R$10 por pessoa. Com tanta variedade, optamos por escolher a Pink Koko para os primeiros dias e depois ficamos à vontade para pesquisar outras pousadas.

Pink Koko Bali
– A diária sai na faixa de R$100 para casal. A pousada é linda, com piscina e jardim, uma grande varanda no quarto, lencóis limpíssimos, bem arejado. Não serve café da manhã, mas tem uma cantina Italiana em frente que abre bem cedo e serve todas as refeições.

Rapture Surf Camp
– Perfeito para quem está viajando sozinho. A pousada é charmosa, oferece transporte para as praias, instrutores de surf, pranchas, café da manhã e jantar, tudo por conta da diária – que saiu na faixa de 70 Euros para casal. O local tem um clima de casa de praia, com uma área de lazer que propicia novas amizades. As refeições são servidas no mesmo horário, em uma grande mesa, onde juntam-se os donos do estabelecimento – ela uma portuguesa que fala pelos cotovelos, ele um australiano observador. Após o jantar, sempre rola uma partida de sinuca.

Rama Beach Inn – Nusa Lebogan
– Diária por cerca de R$50 para casal. O que mais nos atraiu é que estes bangalôs pertencem a uma família local. Nusa Lembogan é uma pequena ilha, com jeito de vila de pescador, a cerca de 40 minutos de Bali. Carros não são permitidos, mas você pode alugar uma motoneta ou bicileta. Os Bangalôs da Sitti ficam exatamente em frente à praia, com vista para o pôr-do-sol e para as melhores ondas. Não serve café da manhã e você tem que pedir pelo o serviço de quarto.

Transporte
– Aluguel de carro a partir de R$30 reais a diária

Atrações
- Por do Sol em Uluwatu
- Festa no Single Finn (um dos restaurantes logo na entrada para a praia de Uluwatu) – Todos os Domingos. Começa por volta das 21h e rola até o sol raiar, com gente do mundo todo. É bem ocidentalizada, mas tem um clima bem agradável.
- Kechak Dance – Representa uma lenda local. O Teatro fica no Templo de Uluwatu (onde os macacos se misturam aos turistas). O espetáculo acontece todos os dias e vale muito a pena!
- Buda Soul – comida orgânica maravilhosa (na Estrada para Padang)

2 comentários:

  1. Ei! Vou pedir para postar no meu blog! Adorei o texto. As informações estão ótimas. Senti falta de umas fotos. Bjs, Adriana

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  2. Que lindo!!! A descrição dá água na boca, vontade de conhecer tudo isto. Ignez

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